O SIGNIFICADO DA SEMANA SANTA


A primeira Semana Santa, pelo plano de Deus, foi a semana mais importante da vida de Jesus Cristo. Esta nossa semana santa, da mesma forma, deverá ser a semana mais importante da vida de cada um de nós. Deve ser uma semana de oração e reflexão, da compreensão dos eventos da paixão de Jesus Cristo, do conhecimento da mensagem de Deus para seu povo.
Introdução:
Local: toda a paixão de Cristo ocorre em Jerusalém e seus arredores;Época: provavelmente no ano 30 d.C., durante a semana da páscoa dos judeus, entre o 9º e o 16º do mês judaico de Nisã (março/abril). Jerusalém lotada de peregrinos;
Condições políticas: a nação judaica estava sujeita a Roma. Seu governador era Pôncio Pilatos; os judeus eram legislados pelo sumo-sacerdote Caifás e pelo conselho dos 70 anciãos. Na Galiléia, região do norte da palestina, Herodes era o rei;
Acontecimentos recentes: Jesus de Nazaré, que por três anos pregou o Reino de Deus, operou milagres, e finalmente tinha sido proclamado o Filho de Deus, crescia em popularidade de tal forma que os sacerdotes judaicos viram nele séria ameaça a sua autoridade sobre o povo. A recente ressurreição de Lázaro fez com que muitas pessoas acreditassem em Jesus.Os líderes judaicos haviam planejado matar Lázaro e Jesus por incitar motins, e então acabar com a revolta que pudesse estar surgindo. Entretanto, como nação sujeita, subjugada, não poderiam condenar ninguém à morte. Apenas o imperador romano possuía tal autoridade. Agora, com a páscoa dos judeus, havia uma deixa. Sob estas circunstâncias começa a Semana Santa...
O Domingo de Ramos
Tanto Jesus como a população conheciam a oposição das autoridades, mas decidiu não se esconder. Na páscoa, no domingo pela manhã, quando os peregrinos estavam viajando para Jerusalém, Nosso Senhor saiu de Bethânia para Jerusalém, pela estrada principal. Ele enviou os discípulos para buscarem um jumento, como que preparando uma celebração. Os seus seguidores entusiasmados mobilizaram uma procissão triunfal, e triunfante Nosso Senhor entrou na cidade Santa. Esta entrada triunfal foi o grande momento pelo qual Nosso Senhor pôde proclamar o seu reino messiânico. Uma grande excitação prevaleceu na cidade sobre esta chegada. Em direção ao fim do dia, ele pregou a sua morte como sendo "levado da terra", e disse às pessoas: "Ainda um pouco a luz está entre vocês. Andem enquanto ainda possuem a luz, pois a escuridão não os alcançará". Este era o crepúsculo da luz do mundo. Ao anoitecer Nosso Senhor retornou com seus discípulos para Bethânia.
Segunda-Feira Santa
Os eventos dos próximos 3 ou 4 dias não estão claramente divididos nos evangelhos, mas o caminho é demonstrado pelas ações de Nosso Senhor na segunda-feira. Sua atividade neste período foi intensa. Não nos foi relatado todas as ações. Ele era protegido pelo povo nas suas disputas com as autoridades. Nosso Senhor viria a Jerusalém pela manhã, ficaria três dias ali, ensinando e discursando no Templo, à noite sairia da cidade, e se retiraria ao monte das Oliveiras (onde estavam Bethânia e Getsêmani). Vindo cedo à Jerusalém, Nosso Senhor encontrou uma figueira que tinha folhas mas não frutos - um símbolo do judaísmo, cuja religião possui muitas folhagens e práticas, mas sem espírito interior e sem frutos.
Terça-Feira Santa
Um dia de grandes disputas públicas com escribas e anciãos. Eles desafiaram a autoridade do Senhor. Ele contou a parábola dos vinhateiros, respondeu à questão sobre o tributo a César, ao caso apresentado pelos fariseus da mulher com seus sete esposos e a ressurreição, falou sobre o maior mandamento, questionou-os sobre "o filho de Davi". Ele concluiu os debates com uma denúncia aos fariseus e com os "sete ais", expressando uma angustiante lamentação sobre Jerusalém. Saindo da cidade, se aproximando do monte das Oliveiras, tristemente previu que lá não sobraria "pedra sobre pedra". Questionado sobre o destino de Jerusalém e do mundo, falou seu discurso escatológico e contou a parábola das virgens para alertar sobre a vigilância.
Quarta-Feira Santa
O mesmo calendário foi seguido. O sumo-sacerdote encontrava-se preocupado. As autoridades judaicas queriam eliminar Jesus. Deveriam agir antes que ele saísse da cidade e antes da festa da páscoa. Deveriam agir o mais rápido possível. Em seu encontro, uma ajuda veio de uma fonte inesperada - Judas. Por trinta moedas de prata, aceitou trair Jesus. Ficaram muito satisfeitos, seria muito mais fácil prender Jesus agora de forma mais rápida.
Quinta-Feira Santa
Dia de preparação para a páscoa dos judeus. Jesus foi à Bethânia para a ceia da páscoa. Ao anoitecer se encontraram para a celebração, e Jesus lavou os pés dos discípulos. Próximo do fim da ceia, Judas, o traidor, se retirou. Nosso Senhor instituiu o Santo Sacrifício como sua eterna memória. Falou sobre as negações de Pedro, e em seu último discurso, os encorajou a amarem-se uns aos outros. Indo ao Getsêmani, tomou consigo três discípulos, e começou a sua agonia nos jardins.
Sexta-Feira da Paixão
Passava da meia-noite quando Nosso Senhor acordou novamente os três apóstolos. Judas e os soldados se aproximavam para prender Jesus. "A hora da escuridão". Por volta de 2 horas da madrugada foi levado à casa de Anás (sogro de Caifás), para uma investigação preliminar. Logo após foi levado ao sumo-sacerdote Caifás que, junto a membros do Conselho (Sanhedrin), fizeram interrogações antes do julgamento que estaria por vir. Por volta de 5 da manhã todo o Conselho se encontrara em seção extraordinária. Lá havia muitas testemunhas falsas e contraditórias. O sumo-sacerdote então perguntou a Jesus se ele era o Messias, o Filho de Deus. Quando Nosso Senhor respondeu afirmativamente e previu que todos o viriam voltar no julgamento, todos gritaram que isto era uma blasfêmia e que por isso merecia a morte. Findou então o julgamento religioso. Durante e entre estas audiências, Nosso Senhor foi insultado pelos guardas, Pedro o negou e se arrependeu, e Judas, após ouvir a sentença de morte, suicidou-se.Por volta das sete da manhã, Pôncio Pilatos, o governador, ouviu as acusações de excitação política por parte do prisioneiro. Não vendo culpa nele, o enviou a Herodes, rei da Galiléia, que o enviou de volta vestido em um manto de escárnio. Pilatos, tentando libertar Jesus, foi forçado a libertar Barrabás. Ainda tentando soltar Jesus, enviou-o para ser açoitado, e depois o apresentou ao povo. Eles ainda queriam condenar Jesus, pedindo a crucifixão. Pilatos então lavou as mãos, e o entregou para que fosse crucificado. Carregando a sua própria cruz, ele cruzou 1/4 de milha até o Gólgota, e lá, entre dois ladrões, Nosso Senhor foi crucificado. Por volta das três da tarde, ele morreu. O corpo foi retirado e colocado em um sepulcro cavado na rocha, pertencente a José de Arimatéia.
A Crucifixão
Nos tempos antigos os criminosos eram executados por crucifixão. Era uma técnica oriental de execução que fora adotada pelos romanos. Em nossos dias penas capitais são muito mais raras. Os criminosos são executados na cadeira elétrica, câmara de gás, injeção letal, etc. Porém os romanos crucificavam.A idéia era fazer o condenado morrer em público da forma mais terrível possível. Por isso deveria ser um espetáculo público. O condenado era primeiramente açoitado, para aparentar uma figura de sofrimento. Atravessava a cidade com o motivo de sua condenação escrita para que todos pudessem ver. O local de sua execução também deveria ser público - por exemplo, próximo aos portões da cidade ou ao monte, como uma lição para todos.Quando fixado à cruz por pregos ou cordas, o homem seria elevado. Os pés deveriam ficar ao nível das cabeças dos pedestres. Ele, então, nesta condição, deveria aguardar a morte, olhando as pessoas passando, ouvindo seus escárnios e insultos. Poderiam viver por dias, até que a fraqueza, sufocação pela fumaça de fogo ou agressões os abatesse. Em tempos antigos, os corpos eram deixados na cruz, para servirem de comida aos pássaros. Mas depois era concedida uma permissão especial para enterrar os corpos. Foi desta forma que Jesus foi preso, condenado e executado - por nossos pecados.



Tradução: Rondinelly Ribeiro

Fonte: Apostolado Veritatis Splendor: O SIGNIFICADO DA SEMANA SANTA. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/2559. Desde 29/03/2004.
O Estudante

Tchecov


No princípio, o tempo estava agradável e tranqüilo. Gorjeavam os pássaros e dos pântanos vizinhos vieram o zumbido triste de uma algo vivo, como se estivesse soprando numa garrafa vazia. Uns pássaros começaram a voar, e um disparo retumbou no ar primaveral com alegria e estrépito. Mas quando escureceu no bosque, começou a soprar o intempestivo e frio vento do oeste e tudo ficou silencioso. As poças foram cobertas de agulhas de gelo e o bosque se tornou desagradável, sórdido e solitário. Cheirava a inverno.
Ivan Velikopolski, um estudante da academia eclesiástica, filho de um sacristão, voltou da caça e se dirigia para casa por uma trilha ao longo de um prado inundado. Tinha os dedos entorpecidos e o vento lhe queimava o rosto. Parecia-lhe que o súbito frio quebrava a ordem e a harmonia, que a própria natureza sentia medo e, que por isso tinha escurecido antes do tempo. Ao seu redor tudo estava deserto e parecia particularmente sombrio. Somente na horta das viúvas, perto do rio, uma luz brilhava. Em cerca de quatro “versetas” ao redor, até onde estava a aldeia tudo estava mergulhado na fria escuridão da noite. O estudante lembrou que, quando ele saiu de casa, a mãe dela, descalça, sentados no chão do salão, limpava o samovar, e seu pai estava deitado ao lado da estufa e tossia; ao ser Sexta-Feira Santa, em sua casa não tinha feito comida e sentia uma terrível fome. Agora encolhido de frio, o estudante pensou que o mesmo vento, soprava nos tempos de Riurik, de Ivan o Terrível e Pedro o Grande, e também naqueles tempos havia existido essa brutal pobreza, essa fome, esses perfurados telhados de palha, a ignorância, a tristeza, o mesmo ambiente deserto e o sentimento opressão. Todos estes horrores tinha existido, existem e existirão, e quando passassem mil anos, a vida não seria melhor. Não tinha vontade de ir para casa.
A horta das viúvas era chamado assim porque era cuidava por duas viúvas, mãe e filha. Uma fogueira ardia fortemente, entre crepitações e chispas, iluminando à sua volta a terra lavrada. A viúva Vasilisa, uma velha alta e robusta, vestida com um casaco de homem, estava junto ao fogo e observava com olhar pensativo as chamas; sua filha Lukeria, baixa, de rosto abobado, picado de varíola, estava sentado no chão e esfregava o caldeirão e as colheres. Seguramente acabavam de jantar. Se ouviam vozes de homens; eram os trabalhadores do local transportando cavalos para beber água do rio.
“Voltou o inverno”, disse o estudante aproximando-se da fogueira. “Boa noite!
”Vasilisa estremeceu, mas logo o reconheceu e sorriu afavelmente.
-Não te tinha reconhecido, meu Deus. Isso é porque vais ficar rico.
Começaram a conversar. Vasilisa era uma mulher que tinha vivido muito. Havia servido algum tempo como enfermeira e depois como uma babá na casa de alguns senhores; se expressava com delicadeza e seu rosto mostrava sempre um leve e delicado sorriso. Lukeria, sua filha, foi um aldeã, submissa ao seu marido e se limitava a olhar ao estudante e permanecer calada, com uma estranha expressão em seu rosto, como a de um surdo mudo.
- Em uma noite igual de fria, se aquecia ao fogo, o apóstolo Pedro – disse o estudante, estendendo as mãos em direção ao fogo. Isso significa que até então era frio. Ah, aquilo que foi uma noite tão terrível! Uma longa e triste noite para não mais poder!
Ele olhou para a escuridão que o rodeava, convulsivamente sacudiu a cabeça e perguntou:- Você foi à leitura do Evangelho?
- Sim, estava lá.
- Então você se lembra que, durante a Última Ceia, disse Pedro a Jesus: “estou disposto para ir para contigo à prisão e à morte”. E o Senhor respondeu-lhe: “Pedro, na verdade te digo que antes que o galo cante, me negarás três vezes”. Depois do jantar, Jesus estava muito triste e rezou no horto, enquanto o pobre Pedro, completamente esgotado, com as pálpebras pesadas, não podia vencer o sono e adormeceu. Então, ouvira que Judas beijou a Jesus e entregou-o aos seus carrascos aquela mesma noite. Levaram Jesus então acorrentado ao sumo pontífice e ele foi chicoteado enquanto Pedro, exausto, atormentado pela angústia e tristeza, entendes? cansado, pressentindo que algo terrível ia acontecer na terra, o seguiu... Amava com loucura a Jesus e agora via, de longe, como o açoitavam...
Lukeria deixou as colheres e fixou seu olhar imóvel no estudante.
- Chegaram onde estava o sumo pontífice – prosseguiu – e começaram a interrogar Jesus, enquanto os criados acenderam uma fogueira no meio do pátio, porque fazia frio, e se aqueciam. Com eles, perto da fogueira, estava Pedro, que também se aquecia, como faço agora. Uma mulher, vendo-o, disse: “Esse também estava com Jesus”, o que significava que ele devia ser levado ao interrogatório. Todos os criados que estavam ali perto do fogo o olharam, seguro, severamente, com receios, pois ele, agitado, disse: “Eu não o conheço”. Pouco tempo depois, alguém o reconheceu novamente como um dos discípulos de Jesus e disse: “Você também é um dos seus discípulos”. E ele novamente o negou. E por terceira vez, alguém se dirigiu a ele: “Por um acaso não te vi hoje no horto com ele?” E ele o negou uma terceira vez. Pouco depois disso o galo cantou e Pedro, olhando de longe a Jesus, recordou as palavras que ele tinha dito durante a Ceia... Recordou então, voltou a si, saiu do pátio e começou a chorar amargamente. O Evangelho diz: “depois de sair dali, chorou amargamente”. Então, eu imagino um tranqüilo jardim, muito sossegado, escuro, muito escuro e no meio desse silêncio apenas se ouvia um calado soluço...
O estudando suspirou e ficou pensativo. Vasilisa, que seguia sorridente, soluçou rapidamente, grossas e abundantes lágrimas deslizaram por suas bochechas, enquanto ela intercalava uma manga entre seu rosto e o fogo, como se estivesse envergonhada de suas próprias lágrimas. Lukeria, entretanto, olhou fixamente o estudante, embaraçada, com a expressão grave e tensa, como a de quem sente uma forte dor.
Os trabalhadores regressavam do rio, e um deles, a cavalo, já estava perto e à luz da fogueira oscilava ante ele. O estudante deu boa noite às viúvas e recomeçou a caminhada. De novo o envolveu a escuridão e lhe adormeceram as mãos. Havia muito vento; parecia que, na realidade, o inverno havia retornado e não que ao final de dois dias chegaria a Páscoa. Agora o estudante pensava em Vasilisa: se começou a chorar é porque o que aconteceu com Pedro naquela terrível noite tem alguma relação com ela...
Olhou atrás. O solitário fogo crepitava na escuridão, e a seu lado já não se via a ninguém. O estudante pensou mais uma vez que se Vasilisa começou a chorar e que sua filha se comoveu, era evidente que aquilo que ele tinha contado, o que aconteceu há dezenove séculos, tinham ligação com o presente, com as duas mulheres, e provavelmente, com aquela deserta aldeia, com ele mesmo e com todo o mundo. Se a senhora começou a chorar, não foi porque ele sabia contar aquela história de maneira comovedora, mas porque Pedro lhe parecia próximo e porque ela se interessava todo o seu ser com o que tinha acontecido na alma de Pedro.
Uma súbita alegria agitou sua alma e inclusive teve que parar para recuperar o fôlego. “O passado – pensou – e o presente estão unidos por uma cadeia ininterrupta de eventos que surgem uns dos outros”. E lhe pareceu que acabava de ver os dois extremos dessa corrente: ao tocar um deles, vibrava o outro.
Então ele atravessou o rio numa balsa e depois, ao subir a colina, contemplou sua aldeia natal, e o poente, onde no raio do ocaso brilhava uma luz púrpura e fria. Então ele pensou que a verdade e a beleza que haviam guiado a vida humana no horto e no palácio do sumo pontífice, haviam continuado sem interrupção até o presente e sempre constituiriam o mais importante da vida humana e de toda a terra. Um sentimento de juventude, de saúde, de força (ele tinha apenas vinte e dois anos), e uma inexprimível e doce esperança de felicidade, de uma misteriosa e desconhecida felicidade, tomou posse dele, pouco a pouco, e a vida lhe pareceu admirável, encantadora, cheia de um elevado sentido.



Cedido por
Pe. Anderson Machado R. Alves
Vigário da Paróquia São João Batista - Posse
A Origem da Páscoa


Estamos nos aproximando da festa da Páscoa e talvez muitos se perguntam: o que significa essa festa? E porque essa festa é celebrada cada ano numa data diferente? Essas perguntas são muito interessantes e para chegarmos a respondê-las temos que fazer uma grande viagem no tempo.
A origem dessa festa é na verdade muito antiga. Ela foi se desenvolvendo e adquirindo significados cada vez mais ricos.
Dizem os historiadores que no mundo Mediterrâneo há milhares de anos, havia uma festa da passagem do inverno para a primavera, no mês de março. Geralmente esta festa era realizada naprimeira lua cheia da “época das flores”.
Os judeus celebravam essa festa no seu início. Mas por volta do ano 1250 a.C. essa festa ganhou novo significado: começou a significar uma passagem (Passah). Ou a passagem de Deus no Egito, ferindo os primogênitos e libertando o povo escravo do faraó; ou a passagem do povo da escravidão à liberdade (com o importante passo do Mar Vermelho). A Páscoa se tornou então a festa central do povo de Israel.
Entre os cristãos a Páscoa ganha novo significado: pois Cristo morreu durante a Páscoa dos judeus, que se celebrava sempre no dia 14 de Nisán do calendário judaico (entre março e abril no nosso calendário atual). Esse dia sempre coincidia com a primeira lua cheia da primavera.Os cristãos, no início celebravam o domingo, a páscoa dominical, o dia da ressurreição do Senhor, de sua passagem da morte à vida. A festa cristã da Páscoa anual surge de fato a partir do ano 150. Para determinar uma data anual os cristãos discutiram muito, segundo a forma de compreender o mistério pascal de Cristo.
Por um lado, os asiáticos entendiam que é Cristo que “passa” da morte à vida. Os romanos, por outro lado, acentuavam que somos nós os que passamos da morte à vida através da morte e ressurreição de Cristo.
De acordo com essa diferente forma de entender o mistério pascal de Cristo, começou a se celebrar a Páscoa em diferentes datas, dentro do mesmo cristianismo. A maioria dos cristãos (inclusive a Igreja em Roma) a celebrava no domingo seguinte ao dia 14 de Nisán; e outros (os da região da Ásia Menor) a celebravam sempre no dia 14 e Nisán.
No ano 325 foi celebrado o Concílio de Nicéia (reunião de todos os bispos do mundo, convocados pelo imperador Constantino), para discutir questões principalmente doutrinais, que preocupava a Igreja de então. Nessa importantíssima reunião se definiu a questão da data da Páscoa, decisão que segue vigente até nossos dias. Então ficou definido:
1º - Que a Páscoa se celebre sempre no domingo;
2º - Que jamais se tenha a Páscoa ao mesmo tempo que os judeus; quando o dia 14 de Nisán cair no domingo, a Páscoa deverá ser celebrada no domingo posterior.
3º - É proibido aos cristãos celebrar a Páscoa duas vezes no mesmo ano.
Dessa forma ficou estabelecido o critério para a celebração da Páscoa cristã, que celebra a ressurreição de Cristo e nossa passagem da vida antiga de escravos do pecado à vida livre dos filhos de Deus. Assim podemos entender porque a maior festa cristã parece que não tem uma data fixa todos os anos.
A Páscoa sempre foi considerada, pois uma celebração da vida. Da vida nova que nasce na primavera, e da vida nova que nasce de Deus: do Deus que liberta o seu povo por amor e que nos faz vencer a morte pela ressurreição de Cristo. Bem posteriormente se uniu à Páscoa o símbolo do coelho, animal que simboliza de forma especial a fecundidade, a beleza da vida. A figura do coelho da Páscoa foi trazida para a América pelos imigrantes alemães entre o final do século XVII e início do XVIII. E os ovos de Páscoa simbolizam a alegria da vida, que nos é dada gratuitamente.
Celebremos com muita alegria essa grande festa cristã essa grande festa da vida! Feliz Páscoa a todos!



Pe. Anderson Machado R. Alves
Vigário da Paróquia São João Batista - Posse.
Coração livre = vida nova

É necessário fazermos uma parada para reflexão


Dizem que a águia é um dos melhores exemplos de coragem na arte da renovação. É a ave que possui a maior longevidade da espécie, chegando a viver 70 anos. Mas, para chegar a essa idade, ela tem de tomar uma séria e difícil decisão. É que aos 40 anos, por estar com as garras compridas e flexíveis, ela não consegue mais agarrar as presas das quais se alimenta. E o bico, alongado e pontiagudo, se curva.
Apontadas contra o peito estão as asas, envelhecidas e pesadas em função da grossura das penas, de forma que voar já não é tão fácil! Então, a águia só tem duas alternativas: Morrer ou enfrentar um doloroso processo de renovação de 150 dias de duração, que consiste em voar para o alto de uma montanha e se recolher em um ninho próximo a um paredão, onde ela não necessite voar. E, após encontrar esse lugar, ela começa a bater com o bico em uma superfície até conseguir arrancá-lo. Ao alcançar esse objetivo, espera nascer um novo bico, com o qual, mais tarde, vai arrancar suas garras. Quando começam a nascer as novas garras ela passa a arrancar as velhas penas. E só após cinco meses sai para o esperado voo da renovação, quando poderá viver mais 30 anos.
Se é verdade ou não que essa ave passa por esse processo eu não sei, mas acredito que a parábola pode nos ajudar a pensar na vida e a nos encorajar a tomarmos as decisões de que talvez precisemos hoje.
Assim como acontece com a ave de rapina, a vida nos ensina que – para continuarmos voando – é necessário nos desprendermos daquilo que nos pesa: as lembranças, os costumes antigos, os apegos exagerados, os sentimentos feridos e tantas outras coisas que cresceram mais do que deviam dentro de nós, podendo nos roubar a leveza de nossos atos e nos impedir de voar mais alto.
Chega a hora em que é necessário fazermos uma parada para reflexão e possível mudança. Nem sempre é uma escolha fácil, porém, é importante. Uma viagem, férias prolongadas ou, para quem pode, uma temporada na praia podem ser ótimas opções. No entanto, o mais relevante é mesmo a coragem de rever a vida e a decisão de mudar o que é preciso. O lugar favorável ajuda, mas o essencial é mesmo a decisão da mudança.
Acredito que é fundamental, neste tempo, fazer as pazes com os acontecimentos do passado, preservando uma memória grata do que foi bom e a lição que os erros nos ensinaram, sem dar espaço para saudosismos nem culpas. Somente um coração livre do peso do passado pode dar espaço para as novidades que a vida oferece a cada amanhecer.
Conheço muita gente que deixou de viver por medo de tomar a decisão da águia... Que este não seja seu caso.
A Palavra do Senhor, em Isaías, capítulo 40, versículo 31, nos faz lembrar a força dessa ave e que vale a pena esperar confiantes em Deus: “Mas os que esperam no SENHOR renovarão as suas forças e subirão com asas como águias; correrão e não se cansarão; caminharão e não se fatigarão”.
Hoje é dia de renovação em sua vida! Independentemente de sua idade, o Senhor quer fazer novas todas as coisas, convidando-o para viver um novo tempo e oferecendo-lhe uma nova oportunidade. A escolha é sua! Arrancar as penas antigas pode até doer, mas a esperança de ver outras nascerem encorajam a águia. Se algo o está impedindo de voar, tenha a coragem de lançá-lo fora, decida-se pela vida nova que o Senhor certamente deseja lhe dar e seja feliz.



Dijanira Silva
Com. Canção Nova

Fonte: www.cancaonova.com
O pecado da gula

A virtude oposta à gula é a temperança


Gula é comer além do necessário para se alimentar. Para alguns, o prazer de comer passou a ser um fim em si mesmo; esse é o erro. E se frustram quando a refeição não é “suculenta e variada”.
Escrevendo aos filipenses, São Paulo se refere àqueles cujo “deus é o ventre” (cf. Fil. 3,19), isto é, o alimento. Se a Igreja nos aponta a gula como um vício capital é porque ela gera outros males: preguiça, comodismo, paixões, doenças, etc... Podemos comer e beber com moderação e gosto, mas não podemos fazer da comida um meio só de prazer; isso desvirtua a alimentação.
Um corpo “pesado” debilita o espírito. Santo Agostinho dizia que temia não a impureza da comida, mas a do apetite. Ele escreve uma página sábia sobre isso: “Vós me ensinastes a ingerir os alimentos como se tratasse de remédios”. Santa Catarina de Sena dizia que o “estômago cheio prejudica a mente”. E Santo Ambrósio afirmava que: “Aquele que submete o seu próprio corpo e governa sua alma, sem se deixar submergir pelas paixões, é seu próprio senhor: pode ser chamado rei, porque é capaz de reger a sua própria pessoa”. E o líder pacifista indiano Gandhi afirmava que “a verdadeira felicidade é impossível sem verdadeira saúde, e a verdadeira saúde é impossível sem o rigoroso controle da gula. Todos os demais sentidos estarão, automaticamente, sujeitos ao controle quando a gula estiver sob controle”.
A virtude oposta à gula é a temperança: evitar todos os excessos no comer e no beber. Para destruir as raízes da gula é preciso submeter o corpo à mortificação. E esta haverá de ser sob a ação do Espírito Santo, nosso Santificador. São Paulo ensinou aos Gálatas e aos Romanos que somente o Espírito pode destruir em nós as paixões. “Conduzi-vos pelo Espírito Santo e não satisfareis o desejo da carne” (Gál. 5,16). “Se viverdes segundo a carne, morrereis, mas, se pelo Espírito fizerdes morrer as obras do corpo, vivereis” (Rom. 8,12). A ação poderosa do Espírito Santo, aliada à nossa vontade, vem em auxílio da nossa fraqueza e nos dá a graça de superar os vícios.
Como remédio contra a gula a Igreja propõe também o jejum; não como um valor em si mesmo, mas como um instrumento para dominar a paixão. Mas Santa Catarina de Sena ensina que “a mortificação deve ser feita de acordo com a necessidade e na exata medida das forças pessoais.” Visto que não se pode impor a todos a mesma mortificação como uma norma rígida, já que nem todos são iguais.
Não é possível querer levar uma vida pura sem sacrifício. O corpo foi nos dado para servir e não para gozar; o prazer egoísta passa e deixa gosto de morte; o sacrifício gera a vida. Não foi à toa que Cristo jejuou quarenta dias, no deserto da Judéia, antes de enfrentar as ciladas terríveis do Tentador, que queria afastá-Lo do caminho traçado por Deus para Ele seguir a fim de salvar a humanidade.



Felipe Aquino
Com. Canção Nova

Fonte: www.cancaonova.com
A formação dos valores humanos

Os primeiros cristãos mudaram as leis do Estado com seus costumes


Vivemos no mundo da globalização, onde tudo se vê pelo prisma da economia, do possuir e do conseguir. E quanto mais se tem, mais insatisfeito se está quando não se consegue mais. Basta ver a publicidade do comércio nos meios de comunicação. Lança-se um produto e o que parecia uma conquista, já não será mais, porque logo depois começam outros lançamentos que são apontados como também necessários e atuais.
E a família se encontra nesse mundo globalizado. Perdem-se valores humanos e cristãos dentro da própria família. Como consequência, temos a deterioração de muitas famílias, porque são tentadas pelo egoísmo, pelo ter, pelo poder. Qualquer ofensa recebida é tomada gravemente. Já não existem o perdão e a caridade e muitos casamentos acabam na separação e no divórcio.
A solução é a santidade da família. E a santidade não é algo que está fora do alcance das pessoas. Ela consiste na verdade, no perdão, na misericórdia, na justiça, na fraternidade, na solidariedade. Foi o que Jesus disse: “Sede santos como meu Pai Celestial é santo”.
A família, por ser de natureza divina, cresce e se aperfeiçoa quanto mais se cultivam o diálogo e não o monólogo, assim como o entendimento, a caridade e a paz.
A família estável tem sido questionada de modo particular nos dias de hoje. Falam alguns até de estar ultrapassada por formas de convivência temporária. A forma do divórcio é reconhecida em quase todos os países. A infidelidade conjugal é tolerada muitas vezes e até incentivada.
Na conferência inaugural do Congresso Teológico Pastoral, o Pe. Cantalamessa indicou que não se deve apenas «defender» a idéia cristã de matrimônio e família, mas o mais importante é «a tarefa de redescobri-lo e vivê-lo em plenitude por parte dos cristãos, de maneira que se volte a propô-lo ao mundo com os fatos, mais que com as palavras».
Duas pessoas que se amam – e o caso do homem e da mulher no matrimônio é o mais forte – reproduzem algo do que ocorre na Trindade. Nessa luz se descobre o sentido profundo da mensagem dos profetas acerca do matrimônio humano, o qual é símbolo e reflexo de outro amor: o de Deus por Seu povo.
A igual dignidade da mulher e do homem no matrimônio está no próprio coração do projeto originário de Deus e do pensamento de Cristo, mas isso quase sempre foi descumprido.
Deve-se evitar dirigir tudo para leis do Estado a fim de defender os valores cristãos. Não podemos esperar hoje mudar os costumes com essas leis. Os primeiros cristãos mudaram-nas [as leis do Estado] com seus costumes de verdadeiros filhos de Deus.



Cardeal Geraldo Majella Agnelo

Fonte: www.cancaonova.com
O culto aos santos

Os santos não são ídolos, nem são adorados


Muitos católicos não têm uma noção correta do que seja a devoção aos Santos da Igreja. Por isso, alguns pensam que são atribuídos rótulos aos Santos, como se fossem mercadorias de consumo espiritual. Mas, não é assim. Os santos são pessoas humanas que viveram neste mundo como verdadeiros modelos de cristãos, seguindo o Evangelho de Cristo e colocando-o em prática em suas vidas. Viveram conforme a vontade de Deus; por essa razão, conquistaram o céu.
A Igreja, assistida pelo Espírito Santo, depois de um rigoroso processo de beatificação e canonização – nos quais são exigidos no mínimo dois milagres, confirmados pela medicina – declara, por intermédio do Papa, que eles estão no céu gozando da comunhão com vida e da visão beatífica do Senhor.
Muitas vezes, os católicos são acusados de idolatria e de prestarem um culto indevido aos Santos, aos Anjos e à Virgem Maria, bem como às suas imagens e relíquias. A intercessão dos Santos e sua mediação por nós em nada substituem a ação única e essencial de Jesus; mas sim, a valorizam ainda mais, pois dependem dela para ter eficácia.
Uma das orações Eucarísticas da Santa Missa diz que “os Santos intercedem no Céu por nós diante de Deus, sem cessar”. Que maravilha! Essa intercessão leva-nos mais a fundo no plano de Deus, porque promove a glória de Deus e o louvor de Jesus Cristo, uma vez que os Santos são “obras-primas” de Cristo, os quais nos levam, por suas preces e seus exemplos, a reconhecer melhor a grandeza da nossa Redenção.
O culto aos Santos tem ao menos três sentidos profundos:
1 – Dar glória a Deus, de quem os Santos são obras-primas de sua graça; pois são Santos pela graça de Deus;
2 – Suplicar-lhes a intercessão por nós e pela Igreja;
3– Mostrar que os Santos são modelos de vida a serem imitados, uma vez que amaram e serviram a Deus perfeitamente.
Deus nunca proibiu ao povo fazer imagens dos Santos, mas proibiu fazer “imagens de ídolos”. E isso a Igreja nunca fez. Os Santos não são ídolos, nem são adorados, mas sim, venerados, o que é completamente diferente. As imagens são um meio e não um fim em si. Aristóteles, sábio filósofo grego, já dizia: “Nada está na mente que não tenha passado pelos sentidos”. É que o homem em sua vida sensitiva depende das coisas que o cercam. A visão de uma imagem desperta na alma pensamentos salutares, o anseio de imitar o Santo de sua devoção, a se sacrificar por Jesus crucificado.
A tradição antiqüíssima da Igreja confirma a grandeza dos Santos.
São Jerônimo (340-420), doutor da Igreja, afirmou:
“Se os Apóstolos e mártires, enquanto estavam em sua carne mortal, e ainda necessitados de cuidar de si, ainda podiam orar pelos outros, muito mais agora que já receberam a coroa de suas vitórias e triunfos. Moisés, um só homem, alcançou de Deus o perdão para 600 mil homens armados; e Estevão, para seus perseguidores. Serão menos poderosos agora que reinam com Cristo? São Paulo diz que com suas orações salvara a vida de 276 homens, que seguiam com ele no navio [naufrágio na ilha de Malta]. E depois de sua morte, cessará sua boca e não pronunciará uma só palavra em favor daqueles que no mundo, por seu intermédio, creram no Evangelho?” (Adv. Vigil. 6).
Santo Hilário de Poitiers (310-367), bispo e doutor da Igreja, garantia que:
“Aos que fizeram tudo o que tiveram ao seu alcance para permanecer fiéis, não lhes faltará nem a guarda dos anjos nem a proteção dos Santos”.
São Cirilo de Jerusalém (315-386), bispo de Jerusalém e doutor da Igreja, afirmava que:
“Comemoramos os que adormeceram no Senhor antes de nós: Patriarcas, Profetas, Apóstolos e Mártires; para que Deus, por sua intercessão e orações, se digne receber as nossas”.
A Igreja, com a autoridade que recebeu de Jesus, declara Santos protetores das profissões, das cidades, dos países, contra as enfermidades, etc.; e isso não é superstição nem se trata de rótulos vazios, mas de verdadeiros intercessores diante de Deus pelos homens.
Ter devoção aos Santos é confiar nesta intercessão diante de Deus, suplicando-Lhe a misericórdia para nós, pobres pecadores. Santa Teresa d’Ávila recorria diariamente a seus Santos protetores: São José, Santo Agostinho, entre outros. Todos os Santos, enquanto viveram na terra, também suplicaram essa intercessão do céu. O que não podemos é prestar um culto idolátrico ou supersticioso a eles, fazendo do seu culto algo meio mágico para obter as graças. A devoção aos Santos exige um esforço do cristão de viver uma vida de santidade, conforme a vontade de Deus, segundo o Evangelho e o ensinamento da Igreja. Aí sim, tem sentido a devoção necessária a eles. Essa devoção é um caminho de graça para Deus, e não um fim em si mesmo. Podemos e devemos venerar as imagens e beijá-las com respeito, mas sem exagero e ritualismo mágico.



Prof. Felipe Aquino
Com. Canção Nova

Fonte: www.cancaonova.com
Ausência: frustração ou possibilidade?

O vazio insere o ser do homem no nada


É duro digerir o sabor de uma ausência. Alguém que parte, vai embora, deixando apenas o silêncio, o barulho do seu silêncio.

Uma presença tem o poder de ocupar um espaço – lugar definido e cheio de significação – no coração, um pedaço que se encaixa com tudo aquilo que é próprio dessa presença.

A ausência sempre dói, deixa um vazio. Mesmo quando não se percebe.

Ninguém constrói a vida com o intuito de ser abandonado, deixado para trás, de ser impossibilitado de contemplar aquilo que seu coração amou. No entanto, a ausência é uma linha que sempre perpassará a trama da existência, e em algum momento – voluntaria ou involuntariamente – ela se fará presença em nossa história. Inúmeras são as ausências: olhares, histórias, palavras que exercem o ofício de passar...

Existem ausências eternas – a morte, por exemplo –, e ausências circunstanciais, tecidas pelo abandono ou pela distância daqueles que se que amam.

A experiência de perder alguém para a eternidade gera uma enorme dor no coração. Contudo, a experiência de perder uma presença em uma ausência ainda presente na existência desinstala profundamente o coração, deixando um gosto de desamparo e frustração. O abandono traduz com maestria um dos maiores desejos da vida: o desejo da presença.

O vazio insere o ser do homem no nada, na náusea da mais profunda descaracterização daquilo que se é. Diante disso, em muitos corações ecoa a silenciosa pergunta: Por quê? Porque agora estou na companhia da solidão e não restou nenhuma palavra para explicar: “Sinto falta da sua voz. Não a ouço, mas ela continua falando dentro de mim...”.

O vazio – ausência que configura a real desconfiguração – coloca o homem diante de sua verdade, revelando a ele sua necessidade de uma Presença que não passe. “Presença que não passe?” – diriam aqueles que jazem sufocados sob o peso da frustração – “Isso é possível? Visto que o abandono é companhia constante, que em algum momento baterá à nossa porta?” A isso responderia: “Não sei. Não quero ter a pretensão de dar pequenas respostas a grandes vazios”. Entretanto, com ousadia, desejo devolver a pergunta: É possível dar “Sentido” a vazios que nasceram em virtude da presença de uma ausência?

Acredito que essa resposta mora em cada um. O coração sempre soube – mesmo que inconscientemente – que a vida nasceu para ser mais que seus próprios limites. Esse é um pressentimento inerente.

Um vazio sempre gerará a frustração, mas esta precisa ser enfrentada e “resignificada”. Amar é uma maneira concreta de fazer isso. Amor: capacidade de guardar o que é bom, de superar distâncias e de superar – até mesmo – o fato de não mais ser querido e acompanhado por alguém.

As ausências se tornam suportáveis e até mesmo aprendizado se o coração consegue descobrir essa “Presença”, que não passa, e n’Ela consegue se ancorar.

Essa Presença é real. Ela acompanha a existência e dá sentido a qualquer vazio, pois tem o amor como essência. Ela nunca vai embora... Quando o olhar descobre tal realidade, ele tem a chance de não mais se entrelaçar apenas no que passa, mas pode descobrir, a partir da ausência, “tijolos” que constroem eternidade, pois provocam o olhar para a busca do Eterno e daquilo que O compõe.

Que o coração possa se enxergar sem ilusões diante das perdas e do real e, assim, possa encontrar – mesmo na ausência – forças para emoldurar com esperança suas dores e sua história.



Adriano Zandoná
Seminarista e missionário da Comunidade Canção Nova.

Fonte: http://www.cancaonova.com/
A amizade

Amigo é aquele que não desiste de estar junto


Há várias definições de amizade. Cientificamente falando, para a biologia, sentimentos são reações químicas dentro do nosso corpo e a amizade é a sensação de bem-estar que a pessoa pode nos causar devido às substâncias responsáveis pelo prazer, o qual é liberado por nosso organismo ao sentir sua presença.

Para a psicologia, a amizade pode acontecer devido a três fatores determinantes em nós: os afetos, a afinidade e o inconsciente. Afetos, a necessidade de amar e ser amado, busca de preenchimento. A afinidade: quando gostamos de coisas em comuns, semelhanças. E o inconsciente: nossa mente com tudo o que lá está guardado; o inconsciente não sabe o que é real, não é a lembrança, mas o que está oculto. Um exemplo de inconsciente é o que nós gravamos quando ainda estamos no útero materno, em gestação, nessa fase nosso cérebro já é capaz de gravar as emoções que sentimos e também as sensações da mãe.

Só por esses argumentos é justo afirmar que o amigo tem força para influenciar em nosso humor, no nosso dia. Também no ânimo e na maneira de ver a vida e interferir nas nossas decisões.
Para o filósofo Aristóteles: “Amigo é uma única alma habitando dois corpos. E embora entrando no universo um do outro não podem perder sua individualidade”.

Amigos se unem nas alegrias e nos sofrimentos, revelando a beleza que há em cada um. Respeita características e não tenta fabricar no outro um modelo da vontade própria. No sentido bíblico temos várias definições para eles [amigos], mas uma é bem marcante: “Se queres adquirir um amigo, adquire-o na provação” (Eclesiástico 6, 7), pois, na adversidade, as verdadeiras intenções de coração são reveladas. Mostra-se amigo aquele que conhece as misérias e as fraquezas do outro e ainda assim continua demonstrando amor por ele.

Amigo é aquele que não desiste de estar junto, qualquer que for a situação. Não se ensoberbece mediante a sua força maior e a fraqueza alheia.

São tantos conceitos sobre esse tema, e em todos, encontramos belos exemplos! O importante é aprofundar-se no conhecimento e no sentido que cada definição pode nos trazer e refletir sobre como estão nossas amizades. Penso que todas as explicações nos mostrarão que o poder da amizade está exatamente na força da entrega. Como estou me entregando aos meus amigos e como eles estão se entregando a mim?

“Amigo é um tesouro”, porque há preciosidades no seu interior, ainda que algumas não venham com embalagens dignas de objetos valiosos, compete a quem é agraciado com o presente, revelar o valor da pérola que está escondida. Quer conhecer uma pessoa? Entregue de si a ela. O que ela fará com as pérolas recebidas é o que lhe mostrará um verdadeiro amigo. Quando expomos nossas vergonhas, nossas deficiências a alguém, estamos entregando força de influência sobre nós. E isso tem que ser processo, não pode acontecer da noite para o dia, mas a cada vez dando uma pérola maior e mais valiosa àquele que se mostra digno de confiança.

A busca do ser humano por felicidade passa pelo amigo. Dar-se numa amizade e ser companheiro vale a pena, ainda que no passado tenha havido decepções. "Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles" (Mt 7,12).

Deus se faz e nos fala em quem nos ama e está próximo, porque também é nosso Amigo!



Sandro Ap. Arquejada

Fonte: http://www.cancaonova.com/
Amar dói

Você pode fazer a sua história diferente


Amar dói. Se alguém disser que amar não dói precisa rever o conceito de amor. Mas, acredite: vale a pena amar; vale a pena arrancar um pedaço de nós para dar ao outro. O seu coração é maravilhoso, mesmo estando um pouco machucado, detonado, ele é lindo.

Abra a sua Bíblia agora no Evangelho de São Lucas, capítulo 19, versículos 1-10, você encontrará a leitura do encontro de Jesus com Zaqueu. Esse homem era cobrador de impostos; esta era uma profissão difícil. A riqueza desse homem vinha dos 'mensalões', do dinheiro do povo, ele 'passava a perna' em muita gente. Mas ele tinha um desejo muito grande de se encontrar com Jesus.

Mas o que tem a ver o Zaqueu comigo e com você? Você tem cara de cobrador de impostos? Pode até ser que não, mas você tem uma história, assim como ele. Aparentemente a vida dele não era bonita, mas aí é que entra o assunto do nosso artigo. Qual é a sua história? Você já teve vontade de fugir? De trocar de país?

A sua história, seja ela como tenha sido até aqui, é linda. Ela é rica! Assim como o Senhor entrou em Jericó para revolucionar a vida desse cobrador de impostos, Ele quer entrar na sua vida hoje para restaurar você. Quais são os problemas pelos quais você está passando? Quais sofrimentos você vive que o impedem de ver Jesus? Zaqueu não parou nos seus pecados, ele foi além. Qual é a multidão de coisas que você tem vivido que o proíbem de ver o Senhor?

A subida não é fácil, sair da multidão de coisas que nos impedem de vê-Lo também não o é. Mas Ele quer que você suba! Veja o Senhor que está passando. Encare os seus problemas, seja o que for que você tenha vivido até agora, não pare!

Para se encontrar com Jesus você precisa sair dos seus problemas. Não pare no limite, na dor, busque ver o Senhor nas situações da sua vida. É possível, sim, fazer escolhas diferentes. O que eu acho mais lindo em Deus é que Ele foi gente. Ele sofreu, foi humilhado, odiado... Jesus quis sofrer tudo isso para dizer para você que é possível dar um novo sentido à sua vida.

Deus existe e está cuidando de cada um de nós. Ele não o abandonou naquela dificuldade que você encontrou, Ele estava lá e ainda está aí do seu lado. É dos limitados e dos pobres a predileção de Deus. A sua história é uma história de salvação. Deus encontrou você um dia, deu-lhe vida e disse-lhe que você nasceu para dar certo.

Muitas respostas que nós damos hoje são consequências do passado. O que nós vivemos nos influencia no presente. Só que o que você faz com o seu passado pode ser mudado agora. Reinterpretar o seu passado pode ser feito agora. Em uma tragédia, você pode se desesperar ou descobrir onde estava Deus naquela situação. Você pode fazer a sua história diferente. Não pare nas situações da sua vida, vá além! Peça para o Senhor dar sentido e razão onde essas virtudes lhe faltaram um dia.

Diga: “Eu nasci para dar certo!” Você quer receber Jesus na sua casa? Então, acredite que o seu passado não determina você, ele apenas diz o que você é, mas não o que será. O seu presente quem decide é você.

Não pare no seu sofrimento, o seu futuro depende apenas de você! Hoje, se você escolher as respostas em Deus, tudo vai ser diferente. Descubra o Senhor nos pequenos detalhes da sua vida.


Adriano Gonçalves
Com. Canção Nova

Fonte: http://www.cancaonova.com/