A Origem da Páscoa


Estamos nos aproximando da festa da Páscoa e talvez muitos se perguntam: o que significa essa festa? E porque essa festa é celebrada cada ano numa data diferente? Essas perguntas são muito interessantes e para chegarmos a respondê-las temos que fazer uma grande viagem no tempo.
A origem dessa festa é na verdade muito antiga. Ela foi se desenvolvendo e adquirindo significados cada vez mais ricos.
Dizem os historiadores que no mundo Mediterrâneo há milhares de anos, havia uma festa da passagem do inverno para a primavera, no mês de março. Geralmente esta festa era realizada naprimeira lua cheia da “época das flores”.
Os judeus celebravam essa festa no seu início. Mas por volta do ano 1250 a.C. essa festa ganhou novo significado: começou a significar uma passagem (Passah). Ou a passagem de Deus no Egito, ferindo os primogênitos e libertando o povo escravo do faraó; ou a passagem do povo da escravidão à liberdade (com o importante passo do Mar Vermelho). A Páscoa se tornou então a festa central do povo de Israel.
Entre os cristãos a Páscoa ganha novo significado: pois Cristo morreu durante a Páscoa dos judeus, que se celebrava sempre no dia 14 de Nisán do calendário judaico (entre março e abril no nosso calendário atual). Esse dia sempre coincidia com a primeira lua cheia da primavera.Os cristãos, no início celebravam o domingo, a páscoa dominical, o dia da ressurreição do Senhor, de sua passagem da morte à vida. A festa cristã da Páscoa anual surge de fato a partir do ano 150. Para determinar uma data anual os cristãos discutiram muito, segundo a forma de compreender o mistério pascal de Cristo.
Por um lado, os asiáticos entendiam que é Cristo que “passa” da morte à vida. Os romanos, por outro lado, acentuavam que somos nós os que passamos da morte à vida através da morte e ressurreição de Cristo.
De acordo com essa diferente forma de entender o mistério pascal de Cristo, começou a se celebrar a Páscoa em diferentes datas, dentro do mesmo cristianismo. A maioria dos cristãos (inclusive a Igreja em Roma) a celebrava no domingo seguinte ao dia 14 de Nisán; e outros (os da região da Ásia Menor) a celebravam sempre no dia 14 e Nisán.
No ano 325 foi celebrado o Concílio de Nicéia (reunião de todos os bispos do mundo, convocados pelo imperador Constantino), para discutir questões principalmente doutrinais, que preocupava a Igreja de então. Nessa importantíssima reunião se definiu a questão da data da Páscoa, decisão que segue vigente até nossos dias. Então ficou definido:
1º - Que a Páscoa se celebre sempre no domingo;
2º - Que jamais se tenha a Páscoa ao mesmo tempo que os judeus; quando o dia 14 de Nisán cair no domingo, a Páscoa deverá ser celebrada no domingo posterior.
3º - É proibido aos cristãos celebrar a Páscoa duas vezes no mesmo ano.
Dessa forma ficou estabelecido o critério para a celebração da Páscoa cristã, que celebra a ressurreição de Cristo e nossa passagem da vida antiga de escravos do pecado à vida livre dos filhos de Deus. Assim podemos entender porque a maior festa cristã parece que não tem uma data fixa todos os anos.
A Páscoa sempre foi considerada, pois uma celebração da vida. Da vida nova que nasce na primavera, e da vida nova que nasce de Deus: do Deus que liberta o seu povo por amor e que nos faz vencer a morte pela ressurreição de Cristo. Bem posteriormente se uniu à Páscoa o símbolo do coelho, animal que simboliza de forma especial a fecundidade, a beleza da vida. A figura do coelho da Páscoa foi trazida para a América pelos imigrantes alemães entre o final do século XVII e início do XVIII. E os ovos de Páscoa simbolizam a alegria da vida, que nos é dada gratuitamente.
Celebremos com muita alegria essa grande festa cristã essa grande festa da vida! Feliz Páscoa a todos!



Pe. Anderson Machado R. Alves
Vigário da Paróquia São João Batista - Posse.